No dia 06 de março de 1958, em partida válida pelo Torneio Rio-São Paulo de 1958, foi realizado um dos jogos mais emocionantes da história do futebol. Santos e Palmeiras se enfrentaram no estádio do Pacaembu, em uma quinta feira que jamais foi esquecida. 7x6, um placar inusitado, que teve reviravoltas durante a partida. Um jogo que teve de goleiro chorando e pedindo para ser substituído, até mortes de torcedores, causadas pela emoção do jogo.
- Texto publicado no jornal Estado de São Paulo, sobre a partida:
“O Resultado final do jogo de ontem á noite, no Pacaembu, em que o Santos venceu o Palmeiras pela extravagante contagem de 7 a 6 e a movimentação do marcador, inicialmente favorável ao Santos, por 5 a 2, e depois ao Palmeiras, por 6 a 5, para terminar com a vitoria dos praianos, por 7 a 6, são suficientes para que possa imaginar como foi renhidamente disputada a luta e quantas emoções viveram os que assistiram a tal ponto que o coração de um torcedor não conseguiu resistir á sensação do embate, vitima de uma sincope.
O primeiro tempo da peleja apresentou o Santos em grande forma e jogando com extraordinária disposição um futebol de primeira ordem, com passes precisos e fintas no momento apropriado, além de se deslocarem os atacantes com rara habilidade. Depois de sofrerem um ponto, reagiram imediatamente os santistas e empatara. Depois se colocaram em vantagem, mas o Palmeiras empatou logo a seguir. Daí em diante o Santos passou a dominar todas as jogadas, impondo-se categoricamente ao adversário e conquistando três pontos com os quais se destacou amplamente no marcador, terminando o primeiro período com a vitoria parcial dos praianos, por 5 a 2. A impressão geral era a de que estava liquidada a sorte da partida e que bastaria ao conjunto alvinegro resguardar-se na defensiva para garantir o triunfo. Mas, as coisas correram de modo bastante diferente do que esperavam os santistas que realmente voltaram a campo com menor disposição, para prosseguir tentando aumentar a contagem. Reagiu imediatamente o Palmeiras. Marcou o terceiro ponto, na cobrança de uma penalidade máxima. Logo a seguir obteve o quarto ponto. Desnortearam-se os visitantes diante do impacto do quadro local, que continuou atacando e venceu por mais duas vezes a meta guarnecida por Manga, passando de derrotado por 2 a 5 a vencedor por 6 a 5. O enorme público que lotou todas as dependências do Pacaembu, em sua grande maioria constituído de palmeirenses, vibrava de entusiasmo e procurava incentivar os profissionais alviverdes, á conquista de outros pontos. Mas, daí para diante foi o Santos quem despertou e voltou a jogar como no primeiro tempo. Em dois minutos, marcaram os santistas mais duas vezes e voltaram a comandar o marcador por 7 a 6, resultado final do embate. A partida, sem duvida, das melhores que temos visto ultimamente. No primeiro tempo, pelo excelente futebol dos visitantes e na etapa final pela estupenda reação do Palmeiras. Houve lances de ótima técnica, especialmente por parte dos avantes praianos.”
- Atuação dos santistas
“Quanto à atuação dos vencedores, destacaríamos os cinco avantes e Ramiro e Hélvio, que conseguiram marcar com precisão a Mazzola, impedindo-o de realizar suas avançadas características. Os demais componentes da defesa jogaram bem no primeiro período e malograram no segundo tempo, como, aliás, a contagem o demonstra.”
- Declarações de Pepe e Mazzola, concedidas a uma emissora de televisão:
Pepe: ‘No meu modo de ver, o jogo mais emocionante que o futebol brasileiro apresentou’.
Mazzola: ‘Quando chegamos ao vestiário, o nosso goleiro Edgard, começou a chorar e não queria mais entrar em campo, e então o nosso técnico Brandão, tirou ele e colocou o goleiro reserva Vitor’.
- 05 mortes cardíacas
Jornais da época relataram a morte de 5 torcedores, causadas por síncope cardíaca, decorrentes a tanta emoção e intensidade que o jogo ofereceu. Quando o Santos fez o 5º gol, um torcedor morreu dentro do estádio do Pacaembu, pela mesma causa.
- Ficha Técnica:
06/03/1958 – Palmeiras 6 x 7 Santos
Gols: Urias aos 20min, Pelé aos 21min, Pagão aos 25min, Nardo aos 26min, Dorval aos 32min, Pepe aos 38min e Pagão aos 44min do primeiro tempo; Paulinho aos 16min, Mazzola aos 19min e aos 27min, Urias aos 34min e Pepe aos 40min e aos 42min do segundo tempo.
Gols: Urias aos 20min, Pelé aos 21min, Pagão aos 25min, Nardo aos 26min, Dorval aos 32min, Pepe aos 38min e Pagão aos 44min do primeiro tempo; Paulinho aos 16min, Mazzola aos 19min e aos 27min, Urias aos 34min e Pepe aos 40min e aos 42min do segundo tempo.
Local: Estádio Pacaembu, em São Paulo.
Competição: Torneio Rio-São Paulo de 1958
Público: 43.068
Renda: Cr$ 1.676.995,00
Árbitro: João Etzel Filho
Santos: Manga; Hélvio e Dalmo; Ramiro (Urubatão), Fiotti e Zito; Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão (Afonsinho), Pelé e Pepe. Técnico: Lula
Palmeiras: Edgard (Vitor); Waldemar Carabina e Édson; Formiga (Maurinho), Valdemar de Fiúme e Dema; Paulinho, Nardo (Caraballo), Mazzola, Ivan e Urias.
Técnico: Oswaldo Brandão
Renda: Cr$ 1.676.995,00
Árbitro: João Etzel Filho
Santos: Manga; Hélvio e Dalmo; Ramiro (Urubatão), Fiotti e Zito; Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão (Afonsinho), Pelé e Pepe. Técnico: Lula
Palmeiras: Edgard (Vitor); Waldemar Carabina e Édson; Formiga (Maurinho), Valdemar de Fiúme e Dema; Paulinho, Nardo (Caraballo), Mazzola, Ivan e Urias.
Técnico: Oswaldo Brandão
‘Alguns jogos de futebol não acabam em 90 minutos, eles sobrevivem ao tempo porque carregam algo mais que especial, são antológicos, arte pura’.